Jorge Ramos é o nome de um ex-recluso que, a propósito do Dia da Filosofia, apresentará na quinta-feira, dia 20 de novembro, às 14h00, na ESAAG o seu livro “As palavras e a vida”. O mesmo fará na sexta-feira à tarde no Estabelecimento Prisional da Guarda (EPG), desta vez com a presença de Carvalho Rodrigues, cientista e Presidente da Assembleia Municipal da Guarda. Diz o poeta na Introdução: “O escritor escreve palavras soltas, anota, esboça, apaga, sonha, e guarda tudo no esquecimento, mas há um dia que perde a vergonha, lê, relê, conjuga tudo, e nasce o livro...”. Aqui fica um belo poema de Jorge Ramos:
FELICIDADE
Ontem pela manhã
Fugi à rotina, vivi,
Exercitei a minha mente
Oca e vazia,
Corri por entre a gente
E só um cego cantava. Pedia.
Tudo passava por mim
Eu é que não via.
O mundo e eu
Caminhávamos par a par
Como dois carris enamorados.
No horizonte, na Cidade,
Procurei por ti,
Exausto, cansado,
Só o cego cantava. Pedia.
Eu é que não te via.
Virei ruas, bebi em cafés, bares,
Perdi-me numa grande eucaristia,
Onde só o cego cantava... Pedia,
Eu é que não te via!
Procurei-te nos bairros e becos
Nos campos, nos Mares,
Na alegria e na prosperidade,
E só o cego cantava. Pedia.
E eu simplesmente não te via.
Então...Quis parar o mundo
Para melhor ver o que sentia
Ou aprender o que não sabia...
Foi então, que o cego,
Que cantava. Pedia.
Me levou até ti com saudade,
E me fez encontrar-te. Felicidade.
Porque estavas ali...
Eu é que não te via...
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