quinta-feira, 15 de outubro de 2015

MIBE 2015 // O LIVRO É UM PRAZER 15 A escolha de Francisco Robalo

Francisco Robalo (11º F):

O Crime do Padre Amaro,
de Eça de Queirós

As minhas leituras recentes têm sido indubitavelmente influenciadas (e bem!) pela disciplina de Literatura Portuguesa. Nestes três transatos meses de ócio, procurei alargar os meus horizontes culturais, ampliar o meu vocabulário e melhorar também a maneira como escrevo: li com gozo algumas obras de José Maria Eça de Queirós. Este texto recairá, pois, sobre o seu primeiro romance (e um dos mais prodigiosos): “O Crime do Padre Amaro”.
“O Crime” constitui uma crítica social implícita e feroz ao clero parasita, hierarquizado e indissociável do poder político. Eça fala-nos de um tema arrojado à época (o celibato), ridicularizando a imoralidade, depravação e indecência dos clérigos, bem como a torpeza das mentalidades devotas. Eça relata-nos os episódios da vida atribulada de Amaro e o seu criminoso romance com Amélia, que acaba por culminar fatal e violentamente, vendo-se o pároco vexado e forçado a abandonar Leiria, procurando resguardo na capital, ajudado, mais uma vez, pela aristocracia da época. Em Lisboa termina todo o funesto enredo, com o nosso escritor a descrever impiedosamente o ambiente social devasso e degradado do Portugal de então.
Com tudo isto, pretendo não só apresentar uma experiência de leitura, mas também exaltar e apelar à apreciação da prosa queirosiana em geral. Depois de lermos uma primeira obra de Eça, desfrutando da sua esplêndida ironia e do seu prolífero e espontâneo poder de adjetivação, invade-nos um sentimento de celsitude tal, que nos leva a querer “devorar” todo o seu cardápio de escritos.

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