quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Jornada sobre Exames de Biologia em Coimbra


Os professores devem também ensinar os alunos para os exames? Mito ou realidade?

No passado sábado, dia 11 de outubro, decorreu em Coimbra uma jornada de reflexão intitulada “Metas, Programas e Exames Nacionais de Biologia e Geologia – Tendências e Perspetivas.”.
Esta jornada, muito bem organizada pela Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG) e que teve sala cheia, apesar de apenas terem marcado presença duas professoras da Guarda, primou pela importância política e científica dos oradores e pela participação de todos, com vista à harmonização de perspetivas, entre a realidade das escolas e as orientações ministeriais, no que diz respeito aos programas, às novas metas e à estruturação das futuras provas de avaliação externa, como sejam os testes intermédios e os exames nacionais, especialmente das áreas da Biologia e da Geologia.
Esta jornada contou com a participação do Diretor-Geral de Educação, Fernando Reis, do Coordenador da equipa autoral das Metas para o Ensino Básico, Jorge Bonito, do Diretor do IAVE, Helder Dinis de Sousa, de uma das autoras dos programas de Biologia e de Geologia, Filomena Amador, da Bióloga e investigadora na área da educação Paula Serra, entre outros.
Foram genericamente explicados os princípios orientadores da atual Política Educativa e  Orientações Curriculares, principalmente no que respeita à organização curricular, às metas, à revisão de programas, à reformulação da oferta curricular e ao reforço da autonomia das escolas, com vista à redução da taxa de abandono escolar (Portugal foi o país da UE com melhores resultados) e a um aumento da qualidade do ensino em geral e das ofertas/escola em particular.
Os professores presentes sugeriram ainda algumas alterações aos atuais programas, principalmente ao programa de Biologia e Geologia, cuja reformulação, infelizmente, só entrará em vigor em 2017. A unidade do programa do 9º ano “Suporte Básico de Vida” também suscitou inquietação por parte da comunidade docente no que diz respeito aos reduzidos equipamentos disponíveis nas escolas e à baixa formação dos professores nesta área temática.
É certo que os verbos aplicados nas metas de aprendizagem direcionam a aprendizagem das ciências para uma maior memorização, postura abandonada no passado e retomada agora por esta equipa ministerial. Este tema gerou muita controvérsia na sessão. Pessoalmente, considero que a memorização a par da explicação e descoberta é de extrema importância para a consolidação das aprendizagens. As metas apontam exatamente para os conceitos pilares, à volta dos quais se estabelece todo o raciocínio lógico.
O diretor do IAVE explicou a dinâmica de elaboração dos Testes Intermédios e dos Exames Nacionais; revelou ainda que as suas jovens equipas são sensíveis às críticas fundamentadas feitas pela comunidade docente às provas externas e têm trabalhado no sentido da convergência de perspetivas, deixando claro que o tema da avaliação é um tema dinâmico, aberto, que não se esgotará nunca, sendo passível de ajustes e melhorias.
Focou-se ainda a importância dos professores também prepararem os alunos para a avaliação externa, uma vez que o elevado grau de exigência destas provas assim o determina. Sugeriu-se a utilização dos exames e testes intermédios disponíveis na página do IAVE, assim como o banco de itens, para o desenvolvimento de avaliação formativa dos alunos, uma vez que o erro faz emergir aprendizagens não consolidadas, ajudando na construção de um conhecimento mais sólido. Para que o professor possa orientar este trabalho de exigência crescente, é imperativo que possua uma elevada e atualizada formação científica e pedagógica, respondendo assim às elevadas exigências dos currículos atuais.
As jornadas terminaram com uma sessão de encerramento, sendo certo que embora tenha ficado muito por dizer, também muito foi dito e desta reflexão surgiram novas orientações para todos.
Elsa Salzedas (professora de Biologia na ESAAG)

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