Os professores devem também ensinar os alunos para os exames? Mito ou realidade?
No passado sábado, dia 11 de outubro, decorreu em Coimbra uma jornada de reflexão intitulada “Metas, Programas e Exames Nacionais de Biologia e Geologia – Tendências e Perspetivas.”.
Esta jornada, muito bem organizada pela Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG) e que teve sala cheia, apesar de apenas terem marcado presença duas professoras da Guarda, primou pela importância política e científica dos oradores e pela participação de todos, com vista à harmonização de perspetivas, entre a realidade das escolas e as orientações ministeriais, no que diz respeito aos programas, às novas metas e à estruturação das futuras provas de avaliação externa, como sejam os testes intermédios e os exames nacionais, especialmente das áreas da Biologia e da Geologia.
Esta jornada contou com a participação do Diretor-Geral de Educação, Fernando Reis, do Coordenador da equipa autoral das Metas para o Ensino Básico, Jorge Bonito, do Diretor do IAVE, Helder Dinis de Sousa, de uma das autoras dos programas de Biologia e de Geologia, Filomena Amador, da Bióloga e investigadora na área da educação Paula Serra, entre outros.
Foram genericamente explicados os princípios orientadores da atual Política Educativa e Orientações Curriculares, principalmente no que respeita à organização curricular, às metas, à revisão de programas, à reformulação da oferta curricular e ao reforço da autonomia das escolas, com vista à redução da taxa de abandono escolar (Portugal foi o país da UE com melhores resultados) e a um aumento da qualidade do ensino em geral e das ofertas/escola em particular.
Os professores presentes sugeriram ainda algumas alterações aos atuais programas, principalmente ao programa de Biologia e Geologia, cuja reformulação, infelizmente, só entrará em vigor em 2017. A unidade do programa do 9º ano “Suporte Básico de Vida” também suscitou inquietação por parte da comunidade docente no que diz respeito aos reduzidos equipamentos disponíveis nas escolas e à baixa formação dos professores nesta área temática.
É certo que os verbos aplicados nas metas de aprendizagem direcionam a aprendizagem das ciências para uma maior memorização, postura abandonada no passado e retomada agora por esta equipa ministerial. Este tema gerou muita controvérsia na sessão. Pessoalmente, considero que a memorização a par da explicação e descoberta é de extrema importância para a consolidação das aprendizagens. As metas apontam exatamente para os conceitos pilares, à volta dos quais se estabelece todo o raciocínio lógico.
O diretor do IAVE explicou a dinâmica de elaboração dos Testes Intermédios e dos Exames Nacionais; revelou ainda que as suas jovens equipas são sensíveis às críticas fundamentadas feitas pela comunidade docente às provas externas e têm trabalhado no sentido da convergência de perspetivas, deixando claro que o tema da avaliação é um tema dinâmico, aberto, que não se esgotará nunca, sendo passível de ajustes e melhorias.
Focou-se ainda a importância dos professores também prepararem os alunos para a avaliação externa, uma vez que o elevado grau de exigência destas provas assim o determina. Sugeriu-se a utilização dos exames e testes intermédios disponíveis na página do IAVE, assim como o banco de itens, para o desenvolvimento de avaliação formativa dos alunos, uma vez que o erro faz emergir aprendizagens não consolidadas, ajudando na construção de um conhecimento mais sólido. Para que o professor possa orientar este trabalho de exigência crescente, é imperativo que possua uma elevada e atualizada formação científica e pedagógica, respondendo assim às elevadas exigências dos currículos atuais.
As jornadas terminaram com uma sessão de encerramento, sendo certo que embora tenha ficado muito por dizer, também muito foi dito e desta reflexão surgiram novas orientações para todos.
Elsa Salzedas (professora de Biologia na ESAAG)
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