Uma introdução ao "Memorial"
No passado dia 9 de dezembro, no âmbito da disciplina de Português, realizou-se uma visita de estudo dos alunos do 12º ano ao Palácio-Convento de Mafra, no qual José Saramago se inspirou para a criação da sua obra “Memorial do Convento”.
Apesar de a partida se ter iniciado muito cedo, todos nós estávamos entusiasmados com a viagem e com o monumento que iríamos visitar.
Assim que saímos do autocarro, fomos divididos em dois grupos, que foram subdivididos em quatro grupos, acompanhados por guias, começando então a visita guiada. Os grupos tiveram guias engraçados, que conseguiram cativar a nossa atenção, interagindo connosco, o que nos provocou uma maior vontade de ler a obra e que nos permitiu compreender melhor algumas das partes mais importantes desta.
O guia que acompanhou o meu grupo era bastante divertido e interativo e logo no início da visita explicou-nos, à entrada do edifício, a contextualização histórica e arquitetónica do Palácio. Este monumento é uma das grandes obras do barroco português, que foi construído a mando do rei D. João V, como resultado de uma promessa que este tinha feito caso a sua esposa, D. Maria de Áustria, engravidasse concedendo-lhe assim um descendente. Ainda na entrada do convento, o guia deu-nos a conhecer vários aspetos importantes da obra, como a viagem da pedra da varanda central, a qual era bastante pesada, transportada de Pêro Pinheiro para Mafra (15 km), que se prolongou por oito dias, o que mostra a falta de condições existente naquela época, sendo esta "causadora" de várias mortes.
Após esta introdução, entrámos na basílica do convento, onde o guia nos explicou como é que Saramago, na sua obra, compara a relação entre D. João V e D. Maria de Áustria, em que não existia um amor verdadeiro, sendo um amor contratual, pois quando se casaram apenas se tinham visto em retratos, e a relação entre Baltasar Sete-Sóis e Blimunda, uma relação pura e amorosa. Explicou-nos também como ocorreu a inauguração do convento, realizada dois anos após a construção deste, no dia do aniversário do rei, o que implicou a falta de condições e o inacabamento da obra.
Depois de uma breve explicação, iniciámos a visita à basílica e ao convento, entrando na Sala do Trono, Aposentos do Rei, Aposentos da Rainha e outras salas importantes do Palácio. No fim, fomos levados até à "joia da coroa" do Palácio: a Biblioteca, a qual continha 43 mil livros que podem ainda hoje ser lidos.
Após o almoço, que se realizou na Escola Sec. José Saramago, dirigimo-nos de novo para o convento a fim de assistirmos a uma peça de teatro pelo Grupo ÉTER. Depois de termos estado numa sala iluminada por várias luzes, controladas pelos nossos movimentos, entrámos para a sala onde assistimos ao teatro.
Logo no início da peça, ouvimos a enunciação de vários nomes, o que mostra que aquela grandiosa obra é fruto da união de um povo inteiro e não de um rei, pois vários foram os homens que dedicaram grande parte da sua vida à construção desta.
Os atores focaram principalmente a relação de Blimunda e Baltasar, uma relação pura, que começou no auto de fé, no qual a mãe da jovem estava a ser deportada devido ao facto de ser considerada bruxa. Ao longo da peça conhecemos várias personagens da obra, sendo uma delas o padre Bartolomeu que criou uma relação de amizade com os dois jovens, os quais foram seus ajudantes na construção da passarola, uma máquina voadora.
Neste teatro observámos as várias peripécias do jovem casal e do padre Bartolomeu, o que nos ajudou a compreender melhor a maior parte da obra, uma vez que parte desta gira em volta de Baltasar, Blimunda e Bartolomeu, e o seu sonho de voar.
Com a ajuda dos guias e dos atores, compreenderemos melhor a obra de José Saramago, que relata sobretudo a grandiosidade do povo português, autor de uma das mais grandiosas obras de Portugal – o convento de Mafra. Ao criar as duas personagens,Blimunda e Baltasar, Saramago conseguiu dar a entender que naquela época, poucos sabiam o que era um amor verdadeiro e puro, no qual ambos se amam com grande intensidade e de tudo são capazes para ficar juntos. Também o sonho de alcançar algo grandioso está presente nesta obra, nomeadamente o sonho de Bartolomeu em voar; porém, este era visto como algo mau, uma vez que só os pássaros tinham asas para voar. Com esta visita de estudo, tivemos a oportunidade de ficar a conhecer melhor um pouco da História do nosso país através de duas grandiosas obras portuguesas: uma monumental e outra literária, o que, na minha opinião, nos cativou à leitura da obra de Saramago.
Patrícia Pires (12.ºE)